Nascidos a partir de 1984 já podem resgatar valores esquecidos nos bancos
Todas as pessoas nascidas a partir de 1984 já podem requisitar a partir de hoje a devolução dos valores eventualmente esquecidos em contas bancárias e investimentos no sistema financeiro brasileiro. O programa de devolução de recursos foi implementado pelo governo federal como forma de devolver à população dinheiro que possa ter ficado esquecido em contas e outros investimentos, assim como valores devidos por conta de correções monetárias aplicadas por decisão judicial após o encerramento de contas bancárias.
O Banco Central chegou a criar um site específico apenas para orientar e direcionar os pedidos de resgate de recursos. Desde fevereiro o site Valores a Receber indica às pessoas o caminho que devem seguir para consultar sua situação cadastral e se tem ou não o que receber em dezenas de bancos brasileiros.
Se for constatado que o cidadão tem algo a ser ressarcido, o banco devedor tem até doze dias úteis para fazer uma transferência simples – que pode até ser por pix – para a pessoa.
Valores esquecidos podem não agradar
Contudo, a maior parte das pessoas não têm gostado muito do que tem encontrado em contas antigas. De acordo com uma avaliação prévia do Banco Central, valores de até R$ 1 foram descobertos por 42,8% das pessoas que consultaram o cadastro e que tinham recursos a serem devolvidos. Somente 30,3% das pesquisas positivas retornaram em valores que ultrapassavam os R$ 10.
Provavelmente o custo operacional para a devolução pode ter superado o próprio valor das transações.
Carro novo e churrasco, os planos frustrados
A aposentada Antonia Campos, de Natal, planejava comprar um carro mais novo com o dinheiro que tinha a receber das instituições bancárias. Tanto que passou os últimos meses ansiosa e consultando alguns modelos na internet.
Como manteve investimentos durante toda a vida, e se lembrava de ter abandonado um consórcio pelo caminho, sua esperança era de que os recursos fossem suficientes para adquirir um veículo um pouco maior e que coubesse a família.
“Meu carro atual é muito pequeno”, chegou a argumentar a aposentada para uma emissora de televisão do Rio Grande do Norte.
Aos 83 anos ela esperava por uma notícia boa, mas não foi exatamente o que aconteceu. Quando liberaram o saldo para consulta, tinha apenas R$ 2,82. E de fato o dinheiro era resultante do consórcio deixado de lado há muitos anos atrás.
Mais singelo, o desejo do empreiteiro Antônio Lopes, de 53 anos, era o de comer um churrasco com seus empregados em Sorocaba, no interior paulista, onde mantém algumas obras em grandes prédios residenciais.
“Com tanto dinheiro que estava esquecido por aí, achei que dava para ao menos pagar uma carne para os meninos que trabalham comigo”, destacou o profissional autônomo. Ao consultar seu saldo, porém, viu que os recursos a serem devolvidos não passavam de R$ 0,16.
Tanto a aposentada Antonia Campos quanto o empreiteiro Antonio Lopes acreditavam que seriam ressarcidos por recursos que foram confiscados durante o governo Collor, porém, os valores não apareceram em suas contas e o Banco Central não respondeu aos questionamentos sobre a ausência eventual desses recursos em suas contas.